Bicicletas: Saída para o transporte urbano no Brasil?

A mudança de habito e atitudes pode melhorar e muito o estilo de vida e desenvolvimento urbano. O uso de bicicletas como meio de transporte mais comum é viável? Funciona em grandes cidades? Vamos tentar abordar algumas questões dessas nesse texto.






A briga por espaço nas grandes cidades

Estamos todos calvos de saber dos problemas de trânsito das grandes cidades. Algumas alternativas são propostas como, por exemplo, as empresas flexibilizarem o horário de saída de seus funcionários para que não fiquem presos nos congestionamentos. Mas será que isso tudo chega a ser coerente, resolve ou ameniza o problema?

O Brasil passa por taxas de crescimento econômico significativas nos últimos anos. Com mais poder de compra, boa parte dos brasileiros compra um carro na primeira oportunidade. Afinal, o carro é um item indispensável na vida moderna, ainda mais nas grandes cidades… Será mesmo?
Ainda não tenho carro. Não comprei por causa de ideologia, foi por falta de grana mesmo. Mas vejo pelas pessoas que eu conheço o quanto é difícil parar de usar um carro. Vejo até casos patológicos: a pessoa vai dirigindo comprar pão na padaria da esquina. De qualquer forma, gostaria de chamar a atenção para a seguinte informação extraída do site ABC Ciclovias:

O espaço que uma pessoa ocupa na rua:
se está de bicicleta: 6 m²
se está de carro (sozinha): 60 m²

Quanta diferença, não? Mesmo que você encha o carro, cada pessoa ainda ocuparia 12 m², o dobro que um ciclista. Em veículos de transporte em massa, esses valores são ainda menores: 1 m² no metrô e 3 m² em ônibus. A consequência disso é que, por hora, passam muito mais bicicletas, pedestres e pessoas dentro de ônibus e metrôs em uma área fixa (a largura da rua, por exemplo) do que carros com poucas pessoas dentro.

A briga por espaço fica maior nos estacionamentos. Nos centros comerciais é praticamente impossível achar uma vaga na rua hoje em dia, mesmo em cidades de médio porte. Quem nunca ficou rodando uns 20 minutos em um estacionamento de shopping à procura de uma vaga? Nas residências, a questão é mais crítica ainda: imagine o transtorno que é ampliar a garagem para guardar um carro a mais que a família acabou de comprar.

Ainda não conseguimos definir se a bicicleta é o meio de transporte ideal, mas já dá pra ter uma ideia de que há grande potencial e que também existem outras alternativas ao uso do carro quase vazio.

Os benefícios pessoais

Só quem já andou de bicicleta sabe do prazer que é. O vento batendo no rosto, a velocidade maior que a corrida (a pé) pode oferecer, a paisagem a ser observada… A cidade (ou o campo) ganha muito mais vida. Vemos a vida ao vivo e não atrás de vidros e janelas que se parecem mais com uma televisão.
Em situações onde se é minoria, cada ciclista reconhece o próximo ciclista com muita cortesia, portanto, é um grande fator de integração social. Além disso, participar de passeios ciclísticos e eventos destinados aos ciclistas é uma ótima maneira de fazer novos amigos. Alguém aí sabe se existem passeios “carrísticos”?
Andar de bicicleta também nos estimula a atingir objetivos. Um percurso mais longo, uma trilha, uma ladeira filha da mãe que você tenta subir mas se cansa, trajetos muito esburacados, lama, tudo isso nos incentiva a reconhecer e ultrapassar limites..

Os benefícios econômicos e ambientais

O primeiro é o custo da bicicleta. Uma de complexidade média, ideal para andar no dia a dia em vários tipos de terreno, sai por cerca de R$ 300,00. O custo de manutenção é bem baixo e a durabilidade alta, já que se costuma usar a bicicleta até destruí-la totalmente (nos usos mais comuns). Quem nunca viu bicicletas estarem inteiras e confortáveis com 15 a 20 anos de uso? Imagine se isso acontece com um carro. Se você esperar 15 anos para vender seu carro, provavelmente venderá por menos de 30% do seu preço de compra. Ah, não é preciso gastar dinheiro com combustível.
Como a economia vem sempre junto ao meio ambiente, uma bicicleta consome muito menos recursos para ser construída. Não emite gás carbônico (vilão do aquecimento global) e é praticamente toda reciclável.

Vida de ciclista não é fácil…

Na selva de pedra, na selvageria que é o comportamento entre motoristas, em um país onde atropelamento de ciclistas e blocos de carnaval acontecem, andar de bicicleta é perigoso, sobretudo nas vias de tráfego intenso. Como a educação (em todos os seus sentidos) ainda não é prioridade, fica difícil de mudar hábitos, fazendo com que a realidade sobre o uso das bicicletas nas grandes cidades esteja bem distante dos dias atuais. Não são capacetes e luvas que vão proteger os ciclistas de acidentes graves.
A estrutura das cidades é pífia para os ciclistas. Ciclovias são raras e, muitas vezes, quando existem não levam a lugar algum, como se elas precisassem existir apenas para suprir uma demanda de lazer para as pessoas.
O Código de Trânsito Brasileiro protege os ciclistas ao definir que os veículos maiores devem zelar pelos veículos menores. Outra lei não cumprida.

Fonte: Papo de homem




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